quarta-feira, 24 de abril de 2013

Quanto da minha renda mensal devo separar para investimentos?


Quanto da minha renda mensal devo separar para investimentos?


Por
Luiz Fernando M. Schvartzman
Planejador Financeiro


Algumas literaturas de finanças pessoais indicam que este valor deve ser de pelo menos 10%, outras já dizem valor próximo a 30%, mas qual é a relação de que devemos reservar este valor para investimentos? É fato que todos nós devemos separar parte da nossa renda para investimentos, mas qual é o valor ideal? Qual porcentagem da renda deve ser destinada a este fim? Antes de responder a estas perguntas, o mais importante é entender qual é a destinação final destes investimentos.

Passamos grande parte da vida trabalhando e acumulando dinheiro, mas afinal, para que devemos acumular e guardar dinheiro? Para ser rico? O que é ser rico? Para cada individuo estas perguntas terão respostas diferentes. Tudo depende da experiência de vida de cada um, nos seus anseios, na sua estrutura familiar, sua cultura e crenças e diversos outros fatores. No entanto muita gente não se pergunta ao longo da vida: para quê ter dinheiro? Sem uma resposta muito clara, acabam se tornando reféns do dinheiro, trabalhando para tê-lo, mas nunca para que este dinheiro lhe proporcione melhor qualidade de vida e para realizar seus sonhos. O dinheiro deve ser visto como uma maneira de alcançar seus objetivos não como um fim em si mesmo.

Portanto, o quanto devemos poupar de nossa renda para investir, é uma pergunta muito simplista e muito relativa. Para alguns essa reserva deverá ser de 70% da sua renda, dependendo de quais são seus objetivos, quais suas condições atuais e qual o seu tempo. Para outros a reserva poderá ser de 0% ou 5% dependendo novamente de quais seus objetivos, quais suas condições atuais e qual é o seu tempo.

A pergunta correta a se fazer, é quanto eu preciso poupar para conquistar meus objetivos. Partindo deste pressuposto, deve-se de alguma forma mensurar monetariamente esses objetivos, mesmo que eles sejam subjetivos. Por exemplo, se o objetivo de uma pessoa é poder ter uma boa saúde e não se preocupar com isso, este individuo deverá mensurar os custos dos melhores planos de saúde, uma boa consulta particular com um médico por ano, custos de uma eventual doença e internação, custos de remédios e até de uma transferência emergencial para outra cidade ou país para tratamentos. Fazendo estas contas você já sabe quanto custa “ter dinheiro para qualquer eventualidade médica”. Sabemos que a saúde não se compra, mas podemos prevenir e melhorar, tendo a melhor estrutura desejável de acordo com o padrão e a necessidade de cada um.

Sabendo o que você quer e quanto isso custa... fica mais fácil saber quanto da sua renda mensal terá que poupar para realizar seus objetivos. Muitas vezes seus sonhos podem ser bem maiores do que você tenha condições financeiras de conquistar, ou que você já acumulou o suficiente para realizar os seus sonhos mas não tem coragem para executá-los. Todo planejamento sofre modificações e devem ser vistos e revistos na caminhada da vida, mas sem uma base para o começo, você nunca chegará aos seus objetivos. O quanto você deve poupar, é o valor dos seus sonhos no seu tempo.

segunda-feira, 15 de abril de 2013


Bolha imobiliária estourando? Onde?



Revista Istoé
04/2013
Por Ricardo Amorim

 
Desde 2008, quando surgiram os primeiros comentários de bolha imobiliária em vias de estourar no Brasil, tenho analisado evidências históricas e internacionais, refutando até aqui tais alegações e concluindo que, provavelmente, os preços continuariam a subir.

De acordo com a consultoria britânica Knight Frank, entre os 53 países com os maiores mercados imobiliários globais, o Brasil teve em 2012 a maior alta de preços de imóveis residenciais: 13,7% em média. Resolvi atualizar e expandir meus estudos.

Há um ano, usei o consumo anual per capita de cimento como estimativa do grau de aquecimento da atividade no setor imobiliário em momentos de estouro de bolhas em vários países. Hoje, pelas minhas contas, este indicador chegou a 361Kg no Brasil. No ritmo médio de crescimento dos últimos 10 anos, que foi de 5% a.a., em apenas dois anos atingiríamos o nível mais baixo de estouro de bolhas, que é de 400Kg, o que sugeriria cautela. Por outro lado, o nível máximo de consumo de cimento antes bolhas estourarem, em alguns casos passou de 1.600Kg anuais per capita. Para chegar a este patamar, o Brasil levaria mais 80 anos. Por este parâmetro, poderíamos estar entre 2 e 80 anos do estouro de uma bolha. Pouco se conclui.

O segundo indicador importante é o total de crédito imobiliário disponível. Crédito permite que mais gente compre imóveis, aumentando a procura por eles e elevando seus preços. No Brasil, apesar do crescimento dos últimos anos, ele ainda é de apenas 7% do PIB, muito distante dos 50% do PIB que costuma ser o mínimo quando bolhas imobiliárias estouram. Mesmo considerando-se uma expansão ao ritmo dos dois últimos anos, que foi de 1,4% do PIB ao ano, o mais rápido da nossa história, levaríamos mais de 30 anos para chegar a 50% do PIB. Sinal de tranquilidade.

Por fim, como anda a capacidade de pagamento dos brasileiros? Levando em conta preços dos imóveis em relação à renda no mundo, chama a atenção a grande dispersão entre as maiores cidades brasileiras, com algumas entre as mais caras e outras entre as mais baratas.

Das 50 cidades mais caras do planeta, 49 estão em países emergentes, incluindo quatro no Brasil: Brasília (10ª), Rio de Janeiro (25ª), Belo Horizonte (43ª) e Porto Alegre (45ª). Por outro lado, Salvador não está mais entre as 100 mais caras do mundo, Fortaleza é uma das únicas 10 cidades entre as 50 mais baratas do mundo que não estão nos EUA, e Campinas também está entre as 100 mais baratas. Entre os 385 maiores mercados imobiliários globais, a classificação média das 11 cidades brasileiras incluídas foi 124ª, sugerindo que o mercado brasileiro como um todo está um pouco mais caro do que a média, mas distante dos mais caros do planeta. Entre os mercados emergentes, o Brasil está mais barato do que a média.

Outro aspecto favorável é que um menor percentual da renda necessário para pagamento mensal de hipotecas sugere que no Brasil temos melhor capacidade de honrar dívidas.  Além disso, comparando o preço de compra de imóveis com o custo de alugá-lo, constata-se que no Brasil alugueis elevados estimulam compras mais do que no resto do mundo. Por fim, a desvalorização do real barateou os imóveis no Brasil para compradores estrangeiros.

Em resumo, ainda que algumas cidades sugiram mais cautela, para o país como um todo, continuam valendo as conclusões do ano passado. Altas modestas ou manutenção de preços são prováveis na maioria dos casos e o risco de estouro imediato de uma bolha imobiliária nacional ainda é baixo. Se você está na esperança dos preços despencarem para comprar, espere sentado. Segundo Platão, coragem é saber o que não temer.

Economista, apresentador do programa Manhattan Connection da Globonews e presidente da Ricam Consultoria.

terça-feira, 9 de abril de 2013


Capitalismo tupiniquim


Revista Istoé
03/2013
Por Ricardo Amorim


Segundo estimativas da empresa de pesquisa de mercado IHS iSuppli, os componentes de cada iPhone 5  de 16GB custam R$388,00 e sua montagem R$15,00, totalizando R$403,00. Ao conhecer esta informação, a maioria dos brasileiros tem dois tipos de reação. Uns ficam indignados com os lucros abusivos da empresa. Outros a defendem, apontando custos não computados, como distribuição e impostos, por exemplo. Portanto, os lucros seriam “normais”.

Efetivamente, no Brasil os impostos respondem por uma parcela significativa da diferença. O mesmo aparelho que é vendido por R$1.265,00 nos EUA, custa R$2.600,00 aqui. A maior diferença vem de impostos. No Brasil, ao comprarmos um iPhone, pagamos dois, um à Apple, outro ao governo.

Além disso, em nossa sociedade que demarca diferenças socioeconômicas pelos padrões de consumo, os consumidores dispõem-se a pagar preços que, em outros países, fariam o produto encalhar. Isto permite que as empresas tenham margens de lucro mais elevadas aqui.

Estas distorções não afetam apenas o preço do iPhone, mas de tudo que compramos aqui. Pelo preço de uma Ferrari 458 Spider no Brasil, compra-se o mesmo carro, um apartamento e um helicóptero em Nova York.

Devido ao péssimo uso dos recursos arrecadados, nossos impostos elevados causam-me particularindignação, mas outra distorção brasileira preocupa-me ainda mais. Associamos lucros a bandalheira e, portanto, margens de lucro altas precisam ser limitadas ou, no mínimo, justificadas.

Nos EUA, o iPhone  que custa R$403,00 para ser produzido é vendido por R$1.265,00. Mesmo descontando impostos – ainda que menores do que os nossos – e outros custos, sobra à Apple uma margem de lucro gorda, explicando porque ela se tornou a mais valiosa companhia do planeta. Lá, lucratividade elevada é considerada mérito pelo trabalho bem feito, neste caso particularmente em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e marketing. Por aqui, o lucro é o capeta, razão de desconfiança e vergonha.

Se não mudarmos nossa mentalidade, o Brasil nunca será um país rico. Ou acabamos com as distorções de nosso modelo econômico ou seremos o país do futuro do pretérito. Ao contrário do que pensam muitos, a valorização do lucro não precisa ser antagônica à melhora do padrão de vida da população como um todo. Aliás, pode e deve ser exatamente o contrário, como provam os países nórdicos.

No Brasil, isto teria de começar por uma intromissão muito menor do Estado na economia. É na promiscuidade do público com o privado que surge a maioria das distorções que mancham a percepção da opinião pública brasileira quanto ao lucro. Em uma economia onde o Estado é onipresente, com frequência é mais lucrativo ser amigo do rei do que acertar as decisões empresariais ou inovar. A partir daí, lucro vira pecado.

Infelizmente, o contrário tem acontecido. Nos últimos anos, o montante de recursos que o Estado desvia da iniciativa privada através de impostos tem aumentado, assim como as intervenções na gestão de empresas públicas e privadas. Salta aos olhos o papel crescente do BNDES. Capitalizações com recursos públicos superiores a R$300 bilhões desde 2008 permitiram que ele se tornasse um acionista importante em várias grandes empresas brasileiras. Além do risco aos cofres públicos, este processo reforçou a percepção de que temos um capitalismo de compadres. Muda Brasil, enquanto é tempo.

Ricardo Amorim
Apresentador do Manhattan Connection da Globonews, colunista da revista IstoÉ, presidente da Ricam Consultoria, único brasileiro na lista dos melhores e mais importantes palestrantes mundiais do Speakers Corner e economista mais influente do Brasil segundo o Klout.com.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Consultor financeiro... Quem pode me ajudar?


Com a queda da taxa de juros, a Bolsa tendo desempenhos bem abaixo das expectativas, os imóveis já começam a apresentar queda e um arrefecimento dos preços a inflação chegando ao teto da meta, a redução da taxa da poupança... o brasileiro se pergunta: e agora, onde investir? Ai que começa o problema. Na busca por orientação é pouco provável sair de uma agência bancária com aplicação ou algum tipo de investimento que lhe deixe tranquilo e satisfeito com relação aos seus possíveis ganhos e risco assumido. E mais pouco provável ainda entendendo melhor sobre investimentos, taxas, retornos, liquidez, ou conhecendo novas opções de investimentos para tempos de crise. As maiores chances são de o cliente deixar a agencia ainda mais confuso, levando debaixo do braço diversos folhetos, com muitas opções, e poucas certezas. Ou até comprado uma previdência privada como investimento em ações ou comprando um fundo de ações como se fosse algo mais certo e conservador do mundo.
Dificilmente sairá com o que realmente desejava ou planejava, e ao adquirir um determinado investimento, talvez porque foi “convencido” pelo seu gerente. Mas se alguém lhe perguntar qual qual objetivo do seu investimento, se integra a outros investimentos seus e principalmente quais são suas expectativas e como você se sente com estes investimentos. Provavelmente ainda você não saberá dizer.
Muitas pessoas delegam plenos poderes aos gerentes de conta, confundindo a verdadeira função deste profissional. O gerente de banco não é um consultor financeiro pessoal, mas sim um funcionário do banco, no qual possuem metas de produtos para serem vendidos e uma grande limitação de atuação. Os bancos de varejo, nos quais a grande maioria das pessoas fazem parte (incluindo as segmentação Personalitê, Van Gogh, Stilo, Prime, etc) são bancos que ganham dinheiro principalmente oferecendo crédito, seja pelo cheque especial, crédito pessoal e financiamentos diversos e pelas abusivas e altas taxas de administração. Não é e nunca será o foco dos bancos de varejo o investimento dos seus correntistas, por isso não é a instituição mais indicada para obter auxilio em investimentos. Assim como não procuramos dicas sobre um carro popular para um vendedor de helicóptero.
Acredito claro, que existam profissionais que fujam à regra, que aconselhem e apresentam boas sugestões de investimentos aos seus clientes. No entanto tais exemplos são raros. Os gerentes de bancos normalmente são mal treinados e trabalham sob grande pressão de metas.
Mas não se surpreendam essa é a função do gerente de banco no Brasil, em que os bancos lucram cifras bilionárias devido à política de juros altos no Brasil (que tende a diminuir), as absurdas taxas bancárias e os produtos que atendem aos interesses dos bancos (capitalização, previdência privada, fundos com altíssimas taxas de administração).
Em países desenvolvidos da Europa e nos Estados Unidos, os investidores procuram casas de investimentos para aplicar seus recursos e obter informações e dicas de investimentos. Os bancos são considerados instituições de crédito e conta corrente.
Portanto, quando você pensar em investir, analise com calma a quem irá pedir auxílio, procure profissionais e empresas que o foco delas são investimentos. Não quero fazer nenhuma crítica, ou denunciar maus profissionais, mas apenas dividir suas reais funções.