terça-feira, 27 de agosto de 2013

O que é longo prazo para você?

Por: Fernando Torres - Valor Econômico

Dezenas de milhares de pessoas acabam de resgatar alguns bilhões de reais investidos em fundos de investimentos da categoria "renda fixa índices", assustadas com as perdas registradas após a forte desvalorização das NTN-Bs, títulos públicos de longo prazo que rendem juro real fixo acima da inflação medida pelo IPCA.
Depois do susto, elas devem estar procurando culpados.
O Banco Central, que elevou a Selic, é um candidato. A turma do Federal Reserve, que ameaça mudar o rumo da política monetária dos EUA, também entra na lista.

Largada de Bolt não deveria assustar maratonista

Por fim, outro alvo óbvio é o gerente do banco, que não teria alertado para os riscos.
A lista de razões e responsáveis poder ser grande.
Mas provavelmente o maior culpado é a falta de compromisso do investidor com seu plano inicial. É a cabeça, e o estômago.
Muitos investidores dizem que investem no "longo prazo", para se esquecer disso no dia seguinte à aplicação.
Toda cartilha de finanças pessoais reza que as aplicações devem ser feitas de acordo com o prazo previsto para resgate.
A parcela do dinheiro que precisa ficar disponível para resgate no curto prazo deve ser destinada a investimentos conservadores, como poupança e fundos que seguem o CDI.
Apenas a fatia que, com algum grau de confiança pode ficar guardada por mais tempo, deve ser destinada a fundos de investimento com estratégias mais agressivas, ao mercado acionário ou para compra de títulos como as NTN-Bs.
No papel, tudo isso é lindo.
Na prática, o investidor entra em um fundo que aplica em títulos com prazo médio acima de cinco anos e fica olhando a variação diária da cota.
É a receita para o fracasso.
Se a pessoa decide correr uma maratona, não deve ficar preocupada se, na hora da largada, vir o jamaicano Usain Bolt disparando na frente nos primeiros 100, 200 ou 400 metros. Sua prova é de 42 km.
Se os títulos públicos têm características e prazos diferentes, não é porque o pessoal do Tesouro é criativo e gosta de inventar combinações de letras e números.
Cada papel tem seu perfil de risco, de retorno e também seu prazo de vencimento.
Se o investidor avesso a risco quer aplicar pensando na sua aposentadoria, faz todo sentido que invista em títulos de 10, 20 ou 40 anos.
Mas se ele quer usar o dinheiro para comprar um carro novo no ano que vem, e decide investir em papéis com esse mesmo prazo, tem algo de errado por aí. 
É claro que muitos cotistas de fundos podem ter sido mal aconselhados por gerentes nos bancos. Como as carteiras da categoria "renda fixa índices" subiram bem acima do CDI nos últimos dois anos, era uma aplicação fácil de vender.
Os mais de 300 fundos da categoria captaram R$ 65 bilhões em pouco mais de dois anos e chegaram a reunir 230 mil cotistas em janeiro, ante 84 mil no fim de 2011, de acordo com dados da Economatica.
Mas de abril para cá, quando esse mercado virou e alguns títulos atrelados a inflação se desvalorizaram até 20%, as carteiras passaram a acumular perdas e os resgates chegaram a R$ 15 bilhões. O número de cotistas caiu para 120 mil.
A existência do termo "renda fixa" no nome, ainda que tecnicamente defensável, certamente não ajuda.
Mas, em última instância, a decisão é sempre do investidor.
O aplicador comum tem basicamente um único motivo para comprar uma NTN-B - e o raciocínio também vale para os fundos de índice.
É estar satisfeito com a taxa de juro real prometida na época da aplicação, esteja ela em 6%, 5%, 4% ou 3% ao ano. Se o seu horizonte de investimento condiz com o prazo do papel, é exatamente isso que você receberá ao fim do contrato.
É verdade que é difícil ter certeza de que será possível manter um investimento parado até 2024, 2035 ou 2050 - quando o retorno "combinado" estaria garantido.
Mas também não é normal fazer uma aplicação dessas e sacar o dinheiro no mês seguinte.
Quanto mais tempo o investidor conseguir manter os recursos aplicados, menor a chance de realizar prejuízo em caso de resgate antecipado.
Uma análise sobre os retornos médios sucessivos da NTN-B 2024 Principal desde seu lançamento ilustra bem isso.
O retorno médio mensal do papel ficou em 1,6%. Mas a chance de perder dinheiro fazendo a aplicação por um mês não é nada desprezível.
Já em intervalos de cinco anos, que seria o início de um horizonte de longo prazo, o retorno médio foi de 143% e, apesar do sobe e desce, nunca ficou abaixo do CDI, que deu ganho médio de 67%.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

O que você precisa saber sobre seguro de vida

Refletindo sobre a finalidade do Seguro de Vida

Por: Minha Vida Financeira

Falar sobre este assunto é um tabu para muitas famílias. Decidir contratar um seguro de vida não é, ainda, uma atitude comum entre os brasileiros, devido às crenças, paradigmas e objeções que cercam o assunto. Muitas pessoas sentem-se desconfortáveis em falar sobre o tema pensando que, ao contratar uma proteção de vida, estarão atraindo a morte; ou ainda, acreditam não ser um bom negócio pelo fato de que não aproveitarão o dinheiro pago pelo seguro.
 Será que é verdade? Será que essas pessoas construíram um pensamento racional sobre a real importância e necessidade de se ter um seguro?
Se a busca por proteção atraísse a morte, o uso do cinto de segurança teria aumentado o índice de acidentes fatais no trânsito, ao invés de diminuí-lo, certo?
Então, assim como ter um seguro não aumenta as chances de uma fatalidade ou dano à integridade física, o fato de não tê-lo também não diminui esse risco. Os riscos minimizados são sempre os financeiros! Por isso, é sobre esse aspecto que avaliaremos de forma inteligente o custo-benefício de se ter um seguro.
Agora que quebramos um paradigma, listamos alguns exemplos característicos de quem necessita da proteção de um seguro de vida. Veja se você se encaixa em algum deles:
Arrimo de família (pessoas que fornecem à família os meios de subsistência):
É o legítimo provedor do lar. A pessoa que, para fornecer os meios de subsistência à sua família, depende do seu trabalho e da geração de renda. Neste caso, é extremamente importante buscar uma proteção que o cubra em caso de morte ou invalidez. Pense nisso! Se você fechar os olhos para a vida e abrir para a eternidade, de que forma gostaria que sua família vivesse? Com o mesmo padrão de vida ou sentindo, além da saudade, muita falta dos recursos oriundos do seu trabalho?
Pessoas dependentes da própria renda:
 Essa é aquela pessoa que gera a própria subsistência, porém não possui dependente ou herdeiros. Nesse caso, é importante avaliar o impacto de uma invalidez e que tipo de economia você terá caso não consiga gerar mais renda. Quanto é necessário para manter a sua qualidade de vida?
Patriarca / Matriarca (chefe de família, detentor de patrimônio):
Muitas vezes o patriarca ou matriarca trabalhou bastante e, inclusive, é comum que tenha emergido de uma situação difícil na infância. Com trabalho e dedicação construiu, ao longo de sua vida, um patrimônio em prol de sua família. Em um primeiro momento, talvez a falta desta pessoa não impacte na qualidade de vida da família, porém, há sempre o risco de os herdeiros não saberem administrar os investimentos e, por uma má gestão, acabar com todo patrimônio construído. Nesse caso, o mais indicado é que se busque uma consultoria profissional de sucessão patrimonial para discutir sobre o gerenciamento do patrimônio.
Além do risco da má gestão por parte dos herdeiros, existe outro fator para essas famílias pensarem em ter um seguro de vida:
A dilapidação do patrimônio em inventário:
Nessa situação, o primeiro impacto observado é o bloqueio dos bens, sendo que sua distribuição entre os herdeiros pode se arrastar por anos. O próximo ponto é que altos valores são necessários para pagamento de advogados, tributos e taxas cartorárias. Portanto, nesse caso, a contratação de um seguro tem o objetivo de dar liquidez à família e recursos para que sejam pagas essas despesas, as quais chegam a custar em média 15% do patrimônio total.

Por último, pense também em sua atual situação de trabalho, principalmente se você não contar com o apoio do INSS ou possuir renda maior que o teto pago por ele (situação que, em caso de invalidez, implicará em uma diminuição do seu padrão de vida, já que sua renda será somente a paga pelo INSS). Outro fator a ser observado é que algumas profissões possuem maiores riscos de acidentes do que outras. Por isso, pense na execução do seu trabalho e na ocasião de ficar impossibilitado de realizar suas tarefas em razão de acidentes laborais. Existem seguros que cobrem acidentes pessoais e pagam, por prazo determinado, um salário conforme as coberturas contratadas.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

As contribuições do planejamento financeiro pessoal


Por: Antônio Dias

Assim como nas empresas, o planejamento financeiro pode desempenhar um papel de grande relevância na vida das pessoas, ajudando-as a obter, usar e controlar de maneira mais eficiente os recursos financeiros. A utilização de tal instrumento de administração financeira não se restringe apenas aos mais endinheirados, mas é igualmente importante para os indivíduos financeiramente menos abastados. Ajudar a gastar e a investir melhor o dinheiro ou a adequar o estilo de vida aos recursos disponíveis estariam, respectivamente, entre suas principais contribuições. Seu uso torna-se ainda mais necessário quando se leva em conta os níveis de endividamento e de inadimplência do brasileiro, bem como a complexidade e a incerteza do ambiente econômico contemporâneo.

As pessoas são frequentemente confrontadas a situações que requerem algum tipo de decisão financeira. Em geral, são decisões que envolvem investimentos, financiamentos, formação de poupança, planejamento de aposentadoria, contratação de seguros. Ou seja, onde investir o dinheiro, qual a melhor alternativa de financiamento para a aquisição de um bem ou serviço, quanto poupar para obter um certo montante num dado prazo são exemplos típicos de eventos financeiros que fazem parte da vida das pessoas. Isso mostra que é preciso estar suficientemente preparado para realizar as escolhas mais apropriadas do ponto de vista financeiro e da riqueza pessoal.

O planejamento financeiro é um instrumento capaz de orientar e de auxiliar as pessoas na importante tarefa de administrar suas finanças. Confira abaixo as suas principais contribuições.

1. Integrar as grandes questões financeiras: o planejamento financeiro oferece às pessoas a oportunidade de se debruçarem, de maneira organizada e sistematizada, sobre os principais temas que envolvem suas finanças, ou seja, gastos, impostos, fundo de reserva, investimentos, créditos, dívida, poupança, ativos, aposentadoria e patrimônio. As definições em cada uma dessas áreas são integradas ao planejamento financeiro anual do indivíduo ou da família e passam a orientar suas ações cotidianas. Agir conforme o plano estabelecido evita que as pessoas se afastem de seus objetivos e projetos, ao mesmo tempo em que lhes proporciona uma vida financeira mais saudável e próspera.

2. Ajuda a realizar planos: esta seria, talvez, a maior contribuição do planejamento financeiro. Seu processo leva as pessoas a identificar e a precisar seus desejos, objetivos e, também, a expressá-los em termos financeiros. Tal procedimento é fundamental para orientar as decisões e mobilizar os recursos necessários à realização dos planos, tendo em vista uma situação financeira inicial. As pessoas precisam de objetivos. O planejamento financeiro detalha as previsões financeiras e ajuda a definir estratégias para alcançá-los.

3. Permite obter maior controle sobre as finanças: a expressão final do planejamento financeiro é o fluxo de caixa, que inclui e apresenta as entradas (ou recebimentos), as saídas (ou pagamentos) de caixa ou dinheiro e a diferença entre ambas. Esta última pode gerar excedente (sobra de dinheiro), insuficiência (falta de dinheiro) ou saldo nulo (montantes iguais de entradas e saídas de caixa). Mais precisamente, o fluxo de caixa permite identificar as origens (fontes) e os destinos (aplicações) de todo o dinheiro movimentado por uma pessoa ou família em determinado período. Trata-se de um instrumento de vital importância para administrar, analisar e controlar mais eficientemente as finanças pessoais, bem como acompanhar o cumprimento de metas e objetivos. Estas ações fornecem ainda subsídios para uma eventual necessidade de revisar o planejamento financeiro.

4. Eleva a capacidade para enfrentar contingências: o detalhamento de suas previsões financeiras dota as pessoas de uma maior capacidade para enfrentar contingências. A análise do fluxo de caixa permite, por exemplo, que elas se antecipem a eventuais insuficiências de dinheiro e busquem alternativas para contorná-las, seja por meio da redução ou do adiamento de saídas de caixa, seja mediante o aumento ou a antecipação de entradas de dinheiro. Do mesmo modo, a previsão e a constituição de um fundo de reserva podem ajudar as pessoas a enfrentar as contingências sem maiores problemas financeiros. Enfim, o objetivo é assegurar a boa saúde financeira de indivíduos e famílias e incutir-lhes o hábito de gastar mais sabiamente e com visão de futuro.

5. Exerce um papel importante na acumulação de riqueza: o planejamento financeiro destina-se também a ajudar as pessoas a direcionar seus recursos para aplicações que aumentem sua riqueza. Esta corresponde ao conjunto de bens e direitos (ativos) que a pessoa possui. Geralmente são veículos, imóveis, obras de arte, joias, aplicações financeiras (poupança, ações, títulos de renda fixa), ou seja, ativos tangíveis e intangíveis. As eventuais dívidas ou obrigações exigíveis (passivos) devem ser subtraídas para calcular a riqueza líquida. Assim, aquele que pretender aumentar sua riqueza pode considerar o planejamento financeiro como um forte aliado. Afinal de contas, conhecer e avaliar as previsões de movimentação do dinheiro - suas origens e aplicações - permite direcioná-lo a itens mais produtivos.

Uma vida financeira saudável e próspera requer objetivos financeiros precisos e uma administração eficiente do dinheiro. O planejamento financeiro é um instrumento importante para toda pessoa que pretenda administrar inteligentemente suas finanças para conseguir realizar objetivos e projetos. Portanto, adote o planejamento financeiro em sua vida e tire vantagem de suas contribuições.
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Antonio Dias Pereira Filho é professor, pesquisador, escritor e palestrante em finanças e contabilidade. Autor de Structure du capital, dynamisme environnemental et performance: une articulation entre la finance et la stratégie. Paris: Les Éditions du Panthéon, 2012.


terça-feira, 6 de agosto de 2013

Novo remédio promete combater a vontade impulsiva de compras

Por: Luiz Fernando M. Schvartzman

Pesquisadores do mundo inteiro tentam descobrir a cura de diversas doenças e distúrbios que afetam a nossa sociedade. São remédios para obesidade, para stress e, agora, lançam uma nova receita para curar a vontade compulsiva de comprar. Diariamente nos deparamos com várias oportunidades e desejo de comprar: roupas, televisão, celular, notebook, carro, apartamento, pacote de viagem, refeições especiais, etc.

Cada vez mais somos “bombardeados” por propagandas, seja por e-mail, telefone, internet, outdoor, rádio, televisão e qualquer lugar que possamos imaginar. São cores, sons, frases, músicas, formatos, pessoas, luzes e tudo mais para chamar nossa atenção. E resistir a tudo isso é quase impossível.

A “doença” da vontade compulsiva de comprar causa ainda alguns efeitos colaterais. Além da falta de dinheiro, foi encontrada em alguns pacientes, perda da capacidade de realizar sonhos maiores, uma tristeza crônica de não conseguir comprar e usufruir um pouco destas “oportunidades” que lhes são oferecidas e em casos mais graves um profundo grau de depressão, endividamento e perda do emprego.

O estudo identificou diversos casos desde os mais simples até aos mais complexos, sendo que o número de casos desta “doença” está crescendo cada vez mais no Brasil atingindo das classes mais baixas até aos mais abastados.

Alguns pacientes estão tratando da doença com a “hora extra”, criando novas fontes de renda, trabalhando cada vez mais para suprir a necessidade que o vício traz. No entanto este tratamento causa maior dependência, podendo causar “aumento ilusório do padrão de vida ” e as consequências podem ser ainda maiores.

Sempre surgirão novos itens, novos produtos e novas ideias para pegar no nosso ponto fraco e vender cada vez mais. Não adianta se enganar parcelando as compras, colocar a culpa nos salário e muito menos na inflação.

Mas afinal, qual é o remédio para este problema? Simples: Planejamento financeiro com algumas doses de mudança de hábitos e uma injeção de organização dos gastos.

Quando não temos uma boa organização dos nossos gastos e nem objetivos claros, acabamos gastando com itens desnecessários e perdendo o controle. Portanto, se você souber quais os seus objetivos, seus planos, dificilmente será “convencido” na direção de outros produtos e ofertas. No tratamento podem ocorrer algumas recaídas, mas não tem problema: planeje uma quantia, para os desejos oportunos, mas nunca comprometendo seus reais objetivos e de longo prazo.

Com o tempo você irá perceber que essa receita irá “milagrosamente” diminuir sua necessidade e vício por comprar, entrar em uma loja para dar uma olhadinha e por incrível que pareça, nem vai precisar trabalhar tanto a mais para conquistar alguns dos seus sonhos. Experimente!


Se seus problemas persistirem, procure um Planejador Financeiro.

terça-feira, 30 de julho de 2013

O Brasil pós manifestações

O Brasil pós manifestações


Por: Luiz Fernando M. Schvartzman

A onda de manifestações que tomou conta do Brasil nas últimas semanas irá impactar em diversos setores econômicos e políticos brasileiros. Certamente teremos um país diferente para os próximos anos e muita mudança deverá ser feita.

Nos anos anteriores a crise de 2008 o Brasil “cresceu” consideravelmente, em comparação com outros anos anteriores, mas foi um crescimento não sustentável que podem ser refletidos em todas as manifestações ocorridas neste ano. Através de um governo populista, o PT conseguiu tirar milhões de brasileiros da miséria e elevar outros milhões de brasileiros à “Classe C”, no entanto isso não foi acompanhado de desenvolvimento e infraestrutura.

Muitos novos brasileiros puderam comprar sua primeira casa própria, financiar seu veículo, viver com um pouco mais de dignidade, usufruindo de novos bens e lazer. Cresceu toda uma economia de varejo. A china com grandes taxas de crescimento passou a cada vez mais importar do Brasil e nossas empresas exportadoras se beneficiaram. O preço do dólar caiu e o Brasileiro foi fazer compras em Miami.

Contudo esse “crescimento” não foi sustentado por desenvolvimento. Continuamos com os serviços de saúde precários, falta de qualificação da mão-de-obra, péssima estrutura de educação básica, poucos investimentos em infraestrutura de transporte (aéreo, terrestre, naval e ferroviário) políticas publicas, fiscais e econômicas antigas e atrasadas e níveis absurdos de corrupção. Portanto, o crescimento derivado desenvolvimento não ocorreu e foram maquiados nos governos populistas com notícias do crescimento do PIB, diminuição de níveis de desemprego, a famosa superioridade à “marolinha” da crise de 2008 aliados a uma euforia tanto dos brasileiros e mundial em relação ao crescimento do Brasil.

Vindo as crises de 2008 e 2011, mensalão, altíssimos gastos com a Copa do Mundo, todos perceberam que o Brasil, não era o que estavam projetando e havia problemas muito mais graves. Até que nas últimas semanas foi a vez do povo perceber e colocar para fora toda a insatisfação que vem sendo percebida nos últimos anos.

O Brasil é o país que teve a segunda mais baixa variação do Produto Interno Bruto (PIB) entre as nações da América Latina no ano passado (2012): apenas 0,9%, último entre os que apresentaram crescimento e à frente apenas do Paraguai, que apresentou queda de 1,2% no PIB em 2012. Os dados são da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) que fez um ranking com 20 países da região.

Grande parte do crescimento brasileiro das últimas décadas foi proveniente de muito dinheiro injetado e “distribuído” para as camadas mais pobres (Bolsa Família, Bolsa Escola, Politicas de habitação, cotas nas universidades, etc) que serviram para uma fundamental inclusão social e até um pequeno desenvolvimento. No entanto não basta inserir milhões de novos outros consumidores, investidores, se não existe estrutura básica para absorvê-los.  Essas pessoas precisam agora de escolas melhores, hospitais melhores, estradas melhores, sistema de transporte urbano melhor e isso não foi feito.

O crescimento sem desenvolvimento gera vários outros graves problemas que são os hospitais superlotados, sistema de transporte precários, educação de má qualidade e varios outros. Antes muitas pessoas nem chegam a usufruir do mínimo que o país proporcionava. Morriam em casa, sem saneamento básico, sem escola, sem a mídia. A diferença é que agora morrem nas filas do SUS.

Portanto, agora o povo brasileiro percebeu que o problema não era a “Bolsa Familia”, a “Bolsa Escola”, ou a falta de médicos, mas a falta de estrutura e lideranças no Brasil. Um grande termômetro de desenvolvimento de um país é o mercado financeiro e a Bolsa de Valores. Desde o fim de 2011 muitos investidores estrangeiros que antes “apostavam” no Brasil começaram a vender suas posições e investir em outros países. A grande interferência do Governo, e ações desmedidas afastaram os investidores estrangeiros do Brasil e aos poucos os próprios brasileiros estão parando de acreditar no Brasil. Precisamos dar um passo para trás para voltar a crescer. Não adianta crescimento sem investimento. De nada adianta encher o pobre de dinheiro se ele não tem cultura, educação e saúde para utilizá-lo. Se muita coisa não mudar e melhorar, a tendência é piorar ainda mais.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Brasileiro não lida bem com dinheiro nem quando renda é alta


Brasileiro não lida bem com dinheiro nem quando renda é alta

Novo indicador de educação financeira mostra que conhecimento financeiro do brasileiro não é mau, mas comportamento é medíocre em qualquer segmento de renda

Priscila Yazbek – Exame.com
São Paulo - Ter mais ou menos dinheiro não é sinônimo de um melhor comportamento financeiro. Essa foi a conclusão do Indicador Serasa Experian de Educação Financeira do Consumidor, lançado nesta segunda-feira (13).
Três dimensões foram avaliadas para formar o índice: conhecimento, atitude e comportamento. Os resultados mostraram que no item comportamento, brasileiros que ganham mais de 10 salários mínimos (6.780 reais) tiraram a nota 5,1 em uma escala que vai de 0 a 10, enquanto aqueles que recebem um salario mínimo (678 reais) alcançaram 5,0.
No subíndice comportamento é avaliado o que o entrevistado de fato realiza, ou seja, se ele gasta mais do que ganha, se investe e se pensa em sua aposentadoria.
Já o subíndice conhecimento avalia se os brasileiros entendem alguns conceitos financeiros como os juros, direitos do consumidor, riscos, retornos, inflação e outros. E o quesito atitude mede a percepção que o entrevistado tem sobre sua relação com as suas economias.
Na classificação geral, que engloba todos os subíndices e classes sociais, o brasileiro obteve a nota média 6,0. No quesito comportamento, a nota geral ficou em 5,2; no item atitude a nota foi 6,3; e no quesito conhecimento, foi registrada a melhor média, com a nota 7,5. Sinal de que bom conhecimento também não se traduz necessariamente em bom comportamento financeiro.
"A conclusão do estudo é que o brasileiro tem um nível de educação financeira razoável. E os três conceitos apresentaram notas bem distintas. Conhecimento foi a maior nota, ou seja, o brasileiro conhece razoavelmente bem os conceitos-chave da educação financeira, sabe avaliar a questão de risco-retorno, juros, etc. Com relação a atitudes, sabe como deveria se comportar, mas na hora de colocar os conceitos na prática, acaba se embaralhando. A questão comportamental deixa a desejar e impede um melhor conceito de educação" explica o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi.
Os itens têm pesos diferentes no resultado final do índice: comportamento tem um peso de 50% no resultado, atitude, de 24%, e conhecimento, 26%.
Esse é o primeiro índice que mede o nível de educação financeira do Brasil com tamanha abrangência e nível de detalhes. Foram consultadas 2.002 pessoas no primeiro trimestre de 2013, em 142 cidades de todos os estados brasileiros e no Distrito Federal.
Classificação geral por renda
Na classificação geral do índice, brasileiros com renda familiar de mais de 10 salários mínimos obtiveram a nota 6,4. Aqueles com renda familiar entre cinco a 10 salários mínimos ficaram com 6,2; de dois a cinco, 6,1; de um a dois salários mínimos 6,0; e as famílias com menos de um salário mínimo ficaram com nota 5,7 no índice de educação financeira.
"Há uma evolução positiva no nível de educação financeira, conforme aumenta a renda, mas o item que leva à diferença entre os resultados é o comportamento. O conhecimento e a atitude são muito próximos em diversas faixas de renda", comenta Luiz Rabi.
Na divisão por gêneros, os resultados mostram que não há tanta diferença no índice obtido por homens e por mulheres. As mulheres tiveram uma nota média de 6,0 e os homens, 6,1.
No subíndice comportamento, tanto os homens quanto as mulheres obtiveram média 5,2. As diferenças maiores foram apontadas mais uma vez no quesito conhecimento, cuja nota foi de 7,3 para as mulheres e 7,7 para os homens, e no item atitude, que resultou em uma média de 6,4 para os homens e 6,2 para as mulheres.
Rabi comenta que com esse resultado é possível afirmar que os homens conhecem um pouco mais os conceitos financeiros, mas na prática se comportam exatamente da mesma maneira que elas. "Os homens parecem conhecer um pouquinho mais, mas, na hora de se comportar, fazem as mesmas besteiras. Aquela questão de que o homem sabe mais que a mulher é um estereótipo. Do ponto de vista de comportamento, a nota é rigorosamente a mesma. Isso contradiz o senso comum de que a mulher não teria tanto cuidado com o dinheiro, de que é mais gastadora", diz o economista.
Poupança

O indicador mostrou também que 76% dos consumidores com mais de dez salários mínimos têm poupança. Percentual que cai para apenas 18% entre os brasileiros com até um salário mínimo. 

terça-feira, 9 de julho de 2013

A CRÔNICA DE UMA VIAGEM

A CRÔNICA DE UMA VIAGEM

Por: Luiz Fernando Mendonça Schvartzman

 - Bom dia sou da Efil Acir Aliv, agência de turismo, meu nome é Antônio, em que posso te ajudar?

- Bom dia, meu nome é Paulo, estou procurando um destino para viajar com a minha família, mas ainda não sei para onde eu quero ir. O que você me aconselha?

- Mas o que você procura? Destinos internacionais, nacionais, praia ou montanha? Roteiros românticos, aventuras ou pitorescos? Qual é o estilo de vocês?

- Então, não sei bem ainda, trabalhei muito nos últimos anos, consegui juntar algum dinheiro e agora quero levar minha mulher e meus filhos para uma viagem inesquecível. Dos pacotes que você vende, quais você me indicaria.

- Sr. Aqui nos não vendemos pacotes, mas fazemos roteiros exclusivos com viagens únicas. Tenho certeza que faremos um plano de viagem inesquecível para a sua vida.

- Ótimo isso mesmo o que eu procuro.

- Sr. Preciso fazer algumas perguntas para pensar qual é a viagem ideal para você e isso pode levar um tempo, você está com pressa?

- Pode ser sim, não estou com pressa, quero fazer isso da melhor maneira possível.

- Você me disse que quer viajar com sua esposa e filhos, correto?

- Isso

- Desculpe ser indiscreto, mas qual a sua idade, da sua esposa e dos seus flhos?

- Eu tenho 45 anos, minha esposa 42, tenho um filho de 19 e outro de 16 anos

- Quando você pretende realizar a sua viagem?

- No inicio do ano que vem

- Então temos pouco mais de 8 meses para planejar esta viagem. Creio ser tempo suficiente para planejar.De quantos dias será está viagem? Todos vocês estarão de férias?

- Sim, programei minhas férias para o inicio do ano, mas não sei quanto tempo vai durar a viagem, depende dos meus destinos.

- Ok, bom ponto de vista. Vejamos, nesta época do ano temos alguns locais que são inverno e outros verão, vocês se sentem melhor em que clima?- Não sei!

- Não tem problema, vou te ajudar. Os climas mais frios permitem uma maior união da família, são programas mais calmos. Favorece o diálogo entre vocês e lhes permitem conhecer climas diferentes do Brasil. No entanto o clima quente favorece a prática de mais atividades. Locais ensolarados são mais alegres e agitados. Qual destes climas vocês se sentem melhor?

- Acho que o estilo de frio será mais apropriado para este momento.

- Dentre os locais com clima frio, no inicio do ano, deverá ser no hemisfério norte, portanto exclui-se uma viagem para o Brasil. Isso é algum problema?

- Não

- Você possui facilidade com algum idioma?

- Tenho com inglês.

- Isso é muito bom, pois grande parte dos países do hemisfério norte tem facilidade com o inglês, mesmo não sendo língua pátria. Você já conhece algum país do hemisfério norte? Gostaria de conhecer algum? Sua esposa ou filhos possuem algum sonho de conhecer algum lugar?

- Nos já fomos para os Estados Unidos há 5 anos. Mas gostaríamos de conhecer outro país.

- Gostam de possibilidade de conhecer a Europa?

- Sim, bastante

- Tem alguma característica, cultura ou atividade que gostariam de visitar ou conhecer?

- Agora que você me disse isso, gostaria que meus filhos conhecessem um pouco da história de alguma civilização, cultura, artes, algo do tipo. Quero que esta viagem sirva não só para nossa família descansar e nos unir, mas também para aprender.

- Que ótimo, posso te ajudar bastante, além de trabalhar com turismo, sou formado em história e posso ter dar excelentes dicas. As histórias das civilizações principalmente na Europa são rodeadas de grandes acontecimentos, dentre guerras, questões religiosas, artes, política e diversos outros. Quais destes itens lhe geram maior curiosidade?

- Gosto de guerras. Quero que meus filhos vejam e aprendam sobre a crueldade dos seres humanos. E assim dar valor a vida, a família, aos bons costumes. Creio que para mim e para a minha esposa também seria muito impactante.

- Ok, senhor, me desculpe, mas a nossa loja já está fechando. Estamos a 4 horas conversando. Podemos continuar esta conversa outro dia?

- Com certeza, agradeço a sua atenção.

- Pode ser que em um próximo encontro ainda não dará tempo de terminar o planejamento da viagem, talvez seja necessárias mais reuniões, ainda temos muitas questões a serem discutidas, pode ser para você?

- Sem problemas, mas você vai perder muito tempo comigo.

- De forma alguma, é um prazer, essa é a politica da nossa empresa, não vendemos um pacote de turismo, te ajudo a construir a sua viagem dos seus sonhos identificando suas possibilidades, suas características e seus recursos. Tenho certeza que você conseguiria viajar sozinho, comprando um pacote de turismo ou as passagens, reserva de hotéis... mas não será igual à forma que eu sei fazer. Sei torna-la única e inesquecível. Sei identificar aquilo que você realmente está sentindo, sei otimizar a sua viagem, os caminhos que provavelmente você não saberia, o momento, o local e a hora do por do sol mais bonito que você já viu.E temos 8 meses para fazer esse sonho acontecer.

 NO DIA SEGUINTE:

 - Bom dia, Sr. Paulo, como foi a sua semana?

- Tudo ótimo Antônio e com você?

- Tudo ótimo também. Vamos continuar o projeto da viagem?!

- Claro vamos la, trouxe a minha esposa e meus filhos para esta reunião. Gostaria que eles participassem. Afinal não é apenas o meu sonho, mas de todos nós.

- Que ótimo, assim é bem melhor!

- Continuando nossa última reunião falamos da questão do aprendizado em guerras, na questão dos valores pessoais, etc. Trouxe aqui para você alguns livros sobre o tema, caso tenha interesse.

- Será muito bom, depois da última reunião, fiquei bem empolgado e conversamos em família sobre isso quase toda noite. Inclusive também comprei um livro.

- Dentre o perfil de destinos que comentamos na última reunião, pesquisei e achei  interessante a Polônia, Áustria, Alemanha e República Tcheca, que participaram das grandes guerras de maneiras diferentes e lhes permitem analisar diversos pontos de vista.

- Nos também listamos estes países – disse a esposa- que coincidência!

- Quem bom que estamos alinhados neste ponto de vista! – Disse Antônio

- Visitando estes quatro países com na média 5 dias em cada, daria uma viagem de 20 dias. O que acham?

- Perfeito! Daria para todos nós – Disse Paulo!

- Mas Antônio – indagou Paulo – você em nenhum momento falou de preços, se eu tenho o dinheiro para pagar toda está viagem, o quanto eu já tenho, etc?

- Boa pergunta Paulo, mas o que realmente importa é onde você quer chegar, qual o seu sonho e a partir de então vamos enquadrando para o seu padrão de vida.

- Entendo, mas se eu não tivesse condições para pagar uma viagem para a Europa?

- De qualquer forma eu precisava conhecer você e seus sonhos. Agora podemos adaptá-lo a sua realidade, condições e planos.

- Como assim?

- Você deixaria de viajar no inicio do ano que vem, esperar mais um ano economizando dinheiro para realizar a viagem dos seus sonhos? Ou preferiria comprar outra viagem mais barata para outro local?

- Eu adiaria um ano para realizar um sonho.

- Ou então, ao invés de viajar por quatro países em 20 dias, você poderia conhecer 2 países em 10 dias e em uma outra oportunidade você conheceria os demais?

- Sim,

- Ou caso esta viagem, desta forma, nesta época fosse importante para você. Você deixaria de ir em restaurantes todos os meses, sua esposa deixaria o carro em casa e andaria de ônibus até o fim do ano e seus filhos separariam 20% da mesada para ajudar na viagem?

- Sim – disse a esposa

- Sim – Disseram os filhos

- Sim – Disse Paulo.

- Ainda, sim lhe darei dicas e descontos que conheço que farão economizar em estadia, hotéis, passagens aéreas. Além de organizar e planejar tudo antes reduzindo custos com deslocamentos errados, seguros caros, taxas ocultas e vários outros.

- E se depois de tudo isso – continuou Antônio  - ainda faltasse dinheiro, você pagaria parcelado com uma pequena taxa de juros pelos próximos 2 anos, tudo dentro do seu orçamento para realizar esse sonho de toda a sua família?

- Pagaria também.

- De que adiantaria eu vender um pacote, muito mais barato, parcelado, sem juros, para um lugar muito bonito, mas que não fosse construído como o sonho da sua família, seria a mesma coisa?

- É realmente, agora eu entendi – disse Paulo.

- Essa será uma viagem para sempre.

- Ok, então vamos continuar, porque temos muito o que planejar – Disse Maria, esposa de Paulo ansiosa pelo resultado.

 - Claro.

Depois de mais algumas reuniões Antônio e a família de Paulo planejaram e organizaram toda a viagem, sempre falando dos sonhos, planos, projetos. Com a aproximação da viagem ficavam cada vez mais ansiosos. Na volta da viagem Paulo foi visitar Antônio, lhe trazendo um presente da viagem:

- Antônio isso é uma pequena lembrança, por tudo isso que você fez pela nossa família. Não podia imaginar que ao entrar em uma agencia de turismo poderia fazer um amigo, e melhorar drasticamente a minha relação com a minha família, minha qualidade de vida, e poder visitar lugares incríveis.

- Paulo, uma grande viagem não é só o resultado dela em si, as lembranças e as fotos, mas também toda a caminhada para a construção da viagem, desde a concepção do sonho, o planejamento até os pequenos sacrifícios para que este sonho se torne realidade.

- Já estamos planejando a próxima viagem, e preciso de você para me ajudar.

- Conte sempre comigo.

 Imagine que esta agencia exista: Efil Acir Aliv.

Ela não te vende produtos, não possui metas. Quem trabalha la tem o prazer de realizar esse sonho.

Para te atender demora o tempo que por preciso, analisando cada detalhe, exclusivamente para você

Você iria correndo para lá para programar a sua próxima viagem?

 Imagine então que esta agencia faz isso não com a sua viagem de férias, e que a sua viagem dos sonhos é a sua jornada de vida. Sua vida inteira é transformada em uma grande viagem...

 Muito prazer... esse é o nosso trabalho Efil Acir Aliv (Vila Rica Life ao contrario)


quarta-feira, 5 de junho de 2013

Plano de viver de renda e aposentadoria


 Artigo do Valor Econômico:

Sou médico, tenho 70 anos e pretendo em breve desacelerar o trabalho e viver da minha aposentadoria e da renda de aluguéis e dos investimentos. Como profissional liberal, recebo em média (incluindo a aposentadoria) R$ 20 mil. Concentro o patrimônio em imóveis residenciais e comerciais. Tenho R$ 250 mil em aplicações financeiras como CDB DI e fundo de renda fixa. Tenho mais R$ 150 mil disponíveis para investir ou comprar um imóvel. Não sei bem como devo direcionar os investimentos nesta fase da vida e que caminhos seguir. Estou com vontade de comprar mais um imóvel.
Waldir Leôncio Netto (CFP) responde:
A transição para um estilo de vida sustentado pela renda de investimentos e previdência é o sonho de muita gente, parabéns por chegar lá com boa estrutura financeira. Supondo que seu patrimônio se resuma às aplicações mencionadas. Assim, nota-se uma alta concentração em renda fixa e uma baixa diversificação de carteira. De fato, aposentadoria combina com investimentos mais conservadores, que priorizem a geração de caixa em vez do ganho de capital, mas se sua renda passiva for mais que suficiente para bancar o novo estilo de vida, pode ser interessante alocar um percentual de seu patrimônio na renda variável, principalmente considerando a crescente dificuldade em encontrar pechinchas no mercado imobiliário atual.
Investir em renda variável neste momento pode parecer contraintuitivo, mas acompanhe o raciocínio: segundo a mais recente tábua de mortalidade divulgada pelo IBGE, homens brasileiros de 70 anos têm uma expectativa de vida de mais 13,4 anos, ou seja, tendem a viver em média até os 83. Esse tempo costuma ser mais que suficiente para perceber a inerente tendência altista do mercado de ações. Mesmo passando por um momento de grande baixa, o Ibovespa fechou 2012 a 60.952 pontos, um ganho médio anual de quase 20% (ou 12%, descontada a inflação) em relação aos 11.602 pontos registrados há dez anos. Além disso, lembre-se que o foco do investidor em ações não deve ser no ganho de capital, mas no fluxo de caixa recebido na forma de dividendos, juros sobre o capital próprio e aluguel dos papéis. Estes tendem a ser um tanto mais previsíveis do que o preço das ações e podem representar uma frequente e diversificada fonte de recursos.
Com base não só em sua carteira atual, mas no seu perfil de risco e nos planos que tiver para o seu futuro e o de seus herdeiros, um planejador financeiro poderá lhe ajudar a identificar a distribuição ideal dos investimentos. Pergunte-lhe também sobre outras opções de investimento como os fundos imobiliários (FIIs) e os fundos de índices (ETFs) e de ações (FIAs), especialmente aqueles voltados a boas pagadoras de dividendos.
Mesmo quem atinge a independência financeira não está livre de emergências como um tratamento não coberto pelo plano de saúde ou um imóvel vazio por muito tempo. Portanto, mantenha uma reserva suficiente para cobrir alguns meses de despesas, de preferência em uma aplicação de alta liquidez separada dos investimentos que mantém para gerar renda.

Aproveite que está com a mão na massa e faça uma lista de tarefas pré-aposentadoria. Ela deve incluir atividades como verificar o benefício da previdência social, pesquisar planos de saúde e atualizar seu testamento. Reserve ainda um tempo para detalhar suas receitas e despesas nessa nova fase da vida, avaliando onde pretende morar, o quanto pretende trabalhar e como gastará seu tempo livre.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Como escolher um planejador financeiro


Como escolher um planejador financeiro

Valor Econômico – 15/05/2013


Decidir o quanto poupar e onde investir é sempre uma tarefa difícil. Contar com a assessoria de um profissional especializado para ajudar a definir os objetivos financeiros e avaliar as melhores opções de investimento tendo a certeza de que o especialista estará agindo de forma independente e isenta ainda é um luxo restrito a poucos no Brasil. Mas esse quadro pode mudar.
No dia 4 de maio, mais de 300 profissionais se reuniram para discutir os rumos e tendências para a profissão de planejador financeiro pessoal. Foi em um seminário promovido pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF).
As principais discussões giraram em torno do que Deena Katz, professora do departamento de planejamento financeiro pessoal da Texas Tech University, nos Estados Unidos, chamou de quatro mitos da profissão de planejador.
O primeiro deles é a crença que, para o cliente, é sempre mais eficiente o pagamento direto pelo serviço de assessoria financeira. A fórmula padrão é a de uma remuneração fixa, relacionada com a dificuldade do trabalho. Supostamente, essa é a maneira mais segura para minimizar os potenciais conflitos de interesse.
Casos em que as recomendações do profissional não estão, necessariamente, em linha com os objetivos do cliente podem ocorrer com frequência. Após a análise da situação patrimonial, o planejador financeiro tende a recomendar ações práticas. Além de ajustes no orçamento doméstico, o especialista pode sugerir determinados produtos financeiros, tais como aplicações em ações e fundos de investimentos, quitação de empréstimos ou contratação de seguro e plano de previdência.
O bom senso sugere que, se a remuneração do planejador financeiro não estiver atrelada à execução das recomendações, a isenção da análise será maior. No entanto, Katz tem uma visão mais pragmática sobre o tema. Alguns clientes, argumenta a especialista, podem se sentir desconfortáveis em pagar antecipadamente por um serviço que não sabem, ao certo, qual resultado terá. Porém, eventualmente, concordam que o planejador financeiro receba um percentual sobre as ideias que forem efetivamente levadas adiante, mesmo na forma de rebate sobre comissões de produtos financeiros.
O importante é que o planejador financeiro adote princípios sólidos para o exercício da atividade profissional, seja transparente, mantenha a isenção e saiba identificar e administrar os inevitáveis conflitos. Mesmo no caso em que os ganhos venham a ser gerados por meio de comissão de venda de produtos, é possível manter a isenção. Mas é fundamental que o cliente, após ser informado sobre a forma de remuneração do profissional, não tenha objeções.
O segundo mito é a necessidade de o planejador possuir uma prática independente, sem vínculos com instituições financeiras. Katz lembra que, para desenvolver uma atividade autônoma, é necessária a contratação de diversos serviços indispensáveis para o atendimento das demandas dos clientes. Dependendo do estágio de desenvolvimento do mercado em que o planejador atua, os custos dos serviços podem ser proibitivos. E compara os Estados Unidos com o Brasil. Devido ao tamanho do mercado americano, os serviços de análise, negociação, custódia e controladoria são oferecidos aos planejadores financeiros por uma fração do que são cobrados aqui no país.
Além disso, a atividade independente envolve preparo específico, tais como noções de empreendedorismo, controle de custos e estratégias de captação e manutenção de clientes. Na pior das hipóteses, o conjunto de outras tarefas pode tomar o tempo e a energia que poderiam estar sendo empregados no planejamento financeiro para os clientes.
Uma possibilidade, então, é que, mesmo atuando como parte de um conglomerado financeiro, o profissional adote práticas que o estimulem a agir de maneira independente. Assim, colocará os interesses do cliente em primeiro plano. Cabe ao potencial cliente desenvolver a percepção necessária para identificar com que tipo de profissional está trabalhando.
O terceiro mito é a necessidade de especialização do planejador financeiro na gestão de recursos. Com a constante sofisticação do mercado de investimentos, existe a pressão para que o profissional seja, cada vez mais, um especialista em produtos e estratégias financeiras.
Para Katz, o planejamento financeiro eficiente envolve uma abordagem holística, que deve levar em consideração todos os aspectos das necessidades financeiras do indivíduo. Se a opinião especializada for fundamental para resolver a necessidade específica de um cliente, ela pode ser conseguida por meio de consulta a outros profissionais.
Nos mercados desenvolvidos, a especialização dos profissionais de planejamento financeiro não tem ficado restrita às atividades de gestão de investimentos. Hoje, existem assessores dedicados ao atendimento de determinados tipos de demandas, tais como pequenos empresários ou famílias em que algum integrante possui certo tipo de necessidade especial.
Por último, o quarto mito é que os clientes querem apenas assessoria para investimentos. Katz explica que, ao longo do tempo, houve mudanças relevantes das principais preocupações. No passado, a recomendação final era o que importava. As novas gerações preferem uma abordagem que propicie respostas corretas.
Hoje, é fundamental que o planejador financeiro possua um sólido processo para chegar às recomendações. E deve ficar claro para o potencial cliente.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Made in USA


Made in USA



Por Ricardo Amorim

Há anos, a produção da indústria brasileira está estagnada em níveis atingidos no final de 2008. Ao invés de enfrentar as causas estruturais da baixa competitividade da nossa indústria – infraestrutura precária, carga tributária excessivamente elevada, ambiente de negócios instável e produtividade da mão de obra muito baixa – o governo preferiu concentrar seus esforços em desvalorizar o real e conceder algumas isenções tributárias temporárias e concentradas em poucos subsetores. Em paralelo, agiu para reduzir as margens de lucro e a rentabilidade dos negócios em vários setores, como elétrico, financeiro, mineração e petrolífero. Empresários, preocupados, reduziram investimentos.

A forte concorrência chinesa tem sido uma realidade para a indústria brasileira e para toda a indústria global. Já passou da hora de nos prepararmos para outra competição, agora com a indústria americana.

Como alertei ainda em 2010, a crise dos países desenvolvidos é na essência causada por excesso de endividamento. Ela só pode ser resolvida com um forte aumento de poupança e diminuição do consumo por lá. Acontece que menos consumo levará a menos crescimento, mais desemprego e salários menores.

Este processo é exatamente o reverso da medalha do que está acontecendo no Brasil e nos países emergentes. Aqui, o crédito sobe, o desemprego cai e os salários aumentam, sustentando a expansão do consumo e ganhos socioeconômicos.

O único instrumento de estímulo macroeconômico que restou aos países ricos são doses cavalares de impressão de dinheiro, com a consequente desvalorização de suas moedas. Com salários menores e moedas desvalorizadas, a perda de participação na produção industrial mundial de todos os países desenvolvidos na última década será revertida em algum momento nos próximos anos.

Nos EUA, este momento já está chegando. Não bastassem o dólar em desvalorização há uma década e os salários em contração em termos reais há seis anos, ocorre uma revolução na produção de energia, que deve levar os EUA de maior importador mundial de petróleo a exportador ainda nesta década. Tudo isto está reduzindo substancialmente o custo de se produzir nos EUA e aumentando a competitividade da indústria americana.

Por outro lado, tão cedo o consumo dos americanos não retomará a pujança anterior à crise de 2008. Isto significa que os produtores americanos direcionarão partes crescentes do que é produzido lá para outros mercados, aumentando sua participação nas vendas para o resto do mundo, incluindo o Brasil. Os EUA voltarão a ofertar produtos de menor valor agregado e retomarão mercados há muito perdidos. Prepare-se para o retorno do Made in USA.

Pode demorar mais para sentirmos seus efeitos, mas processos similares estão acontecendo na Europa e no Japão. Em paralelo, o crescimento chinês migra gradualmente para mais consumo interno e serviços, reduzindo o ritmo de crescimento da demanda por nossos metais e minerais.

Com mais competição dos desenvolvidos e menor fome chinesa por nossas matérias primas, o Brasil precisa urgentemente fortalecer seu potencial produtivo, estimulando investimentos, melhorando a infraestrutura, reduzindo os impostos permanentemente e qualificando sua mão de obra. O modelo de crescimento baseado na expansão do consumo, adotado pelo Brasil nos últimos 10 anos, se esgotou. O fraco crescimento e a aceleração da inflação deixam isso claro. Não dá mais para postergar soluções. A hora de cuidarmos do Made in Brazil está passando