terça-feira, 30 de julho de 2013

O Brasil pós manifestações

O Brasil pós manifestações


Por: Luiz Fernando M. Schvartzman

A onda de manifestações que tomou conta do Brasil nas últimas semanas irá impactar em diversos setores econômicos e políticos brasileiros. Certamente teremos um país diferente para os próximos anos e muita mudança deverá ser feita.

Nos anos anteriores a crise de 2008 o Brasil “cresceu” consideravelmente, em comparação com outros anos anteriores, mas foi um crescimento não sustentável que podem ser refletidos em todas as manifestações ocorridas neste ano. Através de um governo populista, o PT conseguiu tirar milhões de brasileiros da miséria e elevar outros milhões de brasileiros à “Classe C”, no entanto isso não foi acompanhado de desenvolvimento e infraestrutura.

Muitos novos brasileiros puderam comprar sua primeira casa própria, financiar seu veículo, viver com um pouco mais de dignidade, usufruindo de novos bens e lazer. Cresceu toda uma economia de varejo. A china com grandes taxas de crescimento passou a cada vez mais importar do Brasil e nossas empresas exportadoras se beneficiaram. O preço do dólar caiu e o Brasileiro foi fazer compras em Miami.

Contudo esse “crescimento” não foi sustentado por desenvolvimento. Continuamos com os serviços de saúde precários, falta de qualificação da mão-de-obra, péssima estrutura de educação básica, poucos investimentos em infraestrutura de transporte (aéreo, terrestre, naval e ferroviário) políticas publicas, fiscais e econômicas antigas e atrasadas e níveis absurdos de corrupção. Portanto, o crescimento derivado desenvolvimento não ocorreu e foram maquiados nos governos populistas com notícias do crescimento do PIB, diminuição de níveis de desemprego, a famosa superioridade à “marolinha” da crise de 2008 aliados a uma euforia tanto dos brasileiros e mundial em relação ao crescimento do Brasil.

Vindo as crises de 2008 e 2011, mensalão, altíssimos gastos com a Copa do Mundo, todos perceberam que o Brasil, não era o que estavam projetando e havia problemas muito mais graves. Até que nas últimas semanas foi a vez do povo perceber e colocar para fora toda a insatisfação que vem sendo percebida nos últimos anos.

O Brasil é o país que teve a segunda mais baixa variação do Produto Interno Bruto (PIB) entre as nações da América Latina no ano passado (2012): apenas 0,9%, último entre os que apresentaram crescimento e à frente apenas do Paraguai, que apresentou queda de 1,2% no PIB em 2012. Os dados são da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) que fez um ranking com 20 países da região.

Grande parte do crescimento brasileiro das últimas décadas foi proveniente de muito dinheiro injetado e “distribuído” para as camadas mais pobres (Bolsa Família, Bolsa Escola, Politicas de habitação, cotas nas universidades, etc) que serviram para uma fundamental inclusão social e até um pequeno desenvolvimento. No entanto não basta inserir milhões de novos outros consumidores, investidores, se não existe estrutura básica para absorvê-los.  Essas pessoas precisam agora de escolas melhores, hospitais melhores, estradas melhores, sistema de transporte urbano melhor e isso não foi feito.

O crescimento sem desenvolvimento gera vários outros graves problemas que são os hospitais superlotados, sistema de transporte precários, educação de má qualidade e varios outros. Antes muitas pessoas nem chegam a usufruir do mínimo que o país proporcionava. Morriam em casa, sem saneamento básico, sem escola, sem a mídia. A diferença é que agora morrem nas filas do SUS.

Portanto, agora o povo brasileiro percebeu que o problema não era a “Bolsa Familia”, a “Bolsa Escola”, ou a falta de médicos, mas a falta de estrutura e lideranças no Brasil. Um grande termômetro de desenvolvimento de um país é o mercado financeiro e a Bolsa de Valores. Desde o fim de 2011 muitos investidores estrangeiros que antes “apostavam” no Brasil começaram a vender suas posições e investir em outros países. A grande interferência do Governo, e ações desmedidas afastaram os investidores estrangeiros do Brasil e aos poucos os próprios brasileiros estão parando de acreditar no Brasil. Precisamos dar um passo para trás para voltar a crescer. Não adianta crescimento sem investimento. De nada adianta encher o pobre de dinheiro se ele não tem cultura, educação e saúde para utilizá-lo. Se muita coisa não mudar e melhorar, a tendência é piorar ainda mais.

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