O Brasil pós manifestações
Por: Luiz Fernando M. Schvartzman
A onda de manifestações que tomou
conta do Brasil nas últimas semanas irá impactar em diversos setores econômicos
e políticos brasileiros. Certamente teremos um país diferente para os próximos
anos e muita mudança deverá ser feita.
Nos anos anteriores a crise de
2008 o Brasil “cresceu” consideravelmente, em comparação com outros anos
anteriores, mas foi um crescimento não sustentável que podem ser refletidos em
todas as manifestações ocorridas neste ano. Através de um governo populista, o
PT conseguiu tirar milhões de brasileiros da miséria e elevar outros milhões de
brasileiros à “Classe C”, no entanto isso não foi acompanhado de
desenvolvimento e infraestrutura.
Muitos novos brasileiros puderam
comprar sua primeira casa própria, financiar seu veículo, viver com um pouco
mais de dignidade, usufruindo de novos bens e lazer. Cresceu toda uma economia
de varejo. A china com grandes taxas de crescimento passou a cada vez mais
importar do Brasil e nossas empresas exportadoras se beneficiaram. O preço do
dólar caiu e o Brasileiro foi fazer compras em Miami.
Contudo esse “crescimento” não
foi sustentado por desenvolvimento. Continuamos com os serviços de saúde
precários, falta de qualificação da mão-de-obra, péssima estrutura de educação
básica, poucos investimentos em infraestrutura de transporte (aéreo, terrestre,
naval e ferroviário) políticas publicas, fiscais e econômicas antigas e
atrasadas e níveis absurdos de corrupção. Portanto, o crescimento derivado
desenvolvimento não ocorreu e foram maquiados nos governos populistas com
notícias do crescimento do PIB, diminuição de níveis de desemprego, a famosa
superioridade à “marolinha” da crise de 2008 aliados a uma euforia tanto dos
brasileiros e mundial em relação ao crescimento do Brasil.
Vindo as crises de 2008 e 2011,
mensalão, altíssimos gastos com a Copa do Mundo, todos perceberam que o Brasil,
não era o que estavam projetando e havia problemas muito mais graves. Até que
nas últimas semanas foi a vez do povo perceber e colocar para fora toda a
insatisfação que vem sendo percebida nos últimos anos.
O Brasil é o país que teve a segunda mais
baixa variação do Produto Interno Bruto (PIB) entre as nações da América Latina
no ano passado (2012): apenas 0,9%, último entre os que apresentaram
crescimento e à frente apenas do Paraguai, que apresentou queda de 1,2% no PIB
em 2012. Os dados são da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe
(Cepal) que fez um ranking com 20 países da região.
Grande parte do crescimento
brasileiro das últimas décadas foi proveniente de muito dinheiro injetado e
“distribuído” para as camadas mais pobres (Bolsa Família, Bolsa Escola,
Politicas de habitação, cotas nas universidades, etc) que serviram para uma
fundamental inclusão social e até um pequeno desenvolvimento. No entanto não
basta inserir milhões de novos outros consumidores, investidores, se não existe
estrutura básica para absorvê-los. Essas
pessoas precisam agora de escolas melhores, hospitais melhores, estradas melhores,
sistema de transporte urbano melhor e isso não foi feito.
O crescimento sem desenvolvimento
gera vários outros graves problemas que são os hospitais superlotados, sistema
de transporte precários, educação de má qualidade e varios outros. Antes muitas
pessoas nem chegam a usufruir do mínimo que o país proporcionava. Morriam em
casa, sem saneamento básico, sem escola, sem a mídia. A diferença é que agora
morrem nas filas do SUS.
Portanto, agora o povo brasileiro
percebeu que o problema não era a “Bolsa Familia”, a “Bolsa Escola”, ou a falta
de médicos, mas a falta de estrutura e lideranças no Brasil. Um grande
termômetro de desenvolvimento de um país é o mercado financeiro e a Bolsa de
Valores. Desde o fim de 2011 muitos investidores estrangeiros que antes
“apostavam” no Brasil começaram a vender suas posições e investir em outros
países. A grande interferência do Governo, e ações desmedidas afastaram os
investidores estrangeiros do Brasil e aos poucos os próprios brasileiros estão
parando de acreditar no Brasil. Precisamos dar um passo para trás para voltar a
crescer. Não adianta crescimento sem investimento. De nada adianta encher o
pobre de dinheiro se ele não tem cultura, educação e saúde para utilizá-lo. Se
muita coisa não mudar e melhorar, a tendência é piorar ainda mais.
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