Brasileiro não
lida bem com dinheiro nem quando renda é alta
Novo indicador de educação financeira mostra que conhecimento financeiro
do brasileiro não é mau, mas comportamento é medíocre em qualquer segmento de
renda
Priscila Yazbek – Exame.com
São Paulo
- Ter mais ou menos dinheiro não é sinônimo de um melhor comportamento
financeiro. Essa foi a conclusão do Indicador Serasa Experian de Educação Financeira do Consumidor, lançado
nesta segunda-feira (13).
Três
dimensões foram avaliadas para formar o índice: conhecimento, atitude e
comportamento. Os resultados mostraram que no item comportamento, brasileiros
que ganham mais de 10 salários mínimos (6.780 reais) tiraram a nota 5,1 em uma
escala que vai de 0 a 10, enquanto aqueles que recebem um salario mínimo (678
reais) alcançaram 5,0.
No
subíndice comportamento é avaliado o que o entrevistado de fato realiza, ou
seja, se ele gasta mais do que ganha, se investe e se pensa em sua aposentadoria.
Já o
subíndice conhecimento avalia se os brasileiros entendem alguns conceitos
financeiros como os juros, direitos do consumidor, riscos, retornos, inflação e
outros. E o quesito atitude mede a percepção que o entrevistado tem sobre sua
relação com as suas economias.
Na
classificação geral, que engloba todos os subíndices e classes sociais, o
brasileiro obteve a nota média 6,0. No quesito comportamento, a nota geral
ficou em 5,2; no item atitude a nota foi 6,3; e no quesito conhecimento, foi
registrada a melhor média, com a nota 7,5. Sinal de que bom conhecimento também
não se traduz necessariamente em bom comportamento financeiro.
"A conclusão
do estudo é que o brasileiro tem um nível de educação financeira razoável. E os três conceitos apresentaram
notas bem distintas. Conhecimento foi a maior nota, ou seja, o brasileiro
conhece razoavelmente bem os conceitos-chave da educação financeira, sabe
avaliar a questão de risco-retorno, juros, etc. Com relação a atitudes, sabe
como deveria se comportar, mas na hora de colocar os conceitos na prática,
acaba se embaralhando. A questão comportamental deixa a desejar e impede um
melhor conceito de educação" explica o economista da Serasa Experian, Luiz
Rabi.
Os itens
têm pesos diferentes no resultado final do índice: comportamento tem um peso de
50% no resultado, atitude, de 24%, e conhecimento, 26%.
Esse é o
primeiro índice que mede o nível de educação financeira do Brasil com tamanha
abrangência e nível de detalhes. Foram consultadas 2.002 pessoas no primeiro
trimestre de 2013, em 142 cidades de todos os estados brasileiros e no Distrito
Federal.
Classificação
geral por renda
Na
classificação geral do índice, brasileiros com renda familiar de mais de 10
salários mínimos obtiveram a nota 6,4. Aqueles com renda familiar entre cinco a
10 salários mínimos ficaram com 6,2; de dois a cinco, 6,1; de um a dois
salários mínimos 6,0; e as famílias com menos de um salário mínimo ficaram com
nota 5,7 no índice de educação financeira.
"Há
uma evolução positiva no nível de educação financeira, conforme aumenta a
renda, mas o item que leva à diferença entre os resultados é o comportamento. O
conhecimento e a atitude são muito próximos em diversas faixas de renda",
comenta Luiz Rabi.
Na divisão
por gêneros, os resultados mostram que não há tanta diferença no índice obtido
por homens e por mulheres. As mulheres tiveram uma nota média de 6,0 e os
homens, 6,1.
No
subíndice comportamento, tanto os homens quanto as mulheres obtiveram média
5,2. As diferenças maiores foram apontadas mais uma vez no quesito
conhecimento, cuja nota foi de 7,3 para as mulheres e 7,7 para os
homens, e no item atitude, que resultou em uma média de 6,4 para os homens
e 6,2 para as mulheres.
Rabi
comenta que com esse resultado é possível afirmar que os homens conhecem um
pouco mais os conceitos financeiros, mas na prática se comportam exatamente da
mesma maneira que elas. "Os homens parecem conhecer um pouquinho mais,
mas, na hora de se comportar, fazem as mesmas besteiras. Aquela questão de que
o homem sabe mais que a mulher é um estereótipo. Do ponto de vista de
comportamento, a nota é rigorosamente a mesma. Isso contradiz o senso comum de
que a mulher não teria tanto cuidado com o dinheiro, de que é mais
gastadora", diz o economista.
Poupança
O indicador mostrou também que 76% dos consumidores com
mais de dez salários mínimos têm poupança. Percentual que cai para apenas 18%
entre os brasileiros com até um salário mínimo.
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