quarta-feira, 5 de junho de 2013

Plano de viver de renda e aposentadoria


 Artigo do Valor Econômico:

Sou médico, tenho 70 anos e pretendo em breve desacelerar o trabalho e viver da minha aposentadoria e da renda de aluguéis e dos investimentos. Como profissional liberal, recebo em média (incluindo a aposentadoria) R$ 20 mil. Concentro o patrimônio em imóveis residenciais e comerciais. Tenho R$ 250 mil em aplicações financeiras como CDB DI e fundo de renda fixa. Tenho mais R$ 150 mil disponíveis para investir ou comprar um imóvel. Não sei bem como devo direcionar os investimentos nesta fase da vida e que caminhos seguir. Estou com vontade de comprar mais um imóvel.
Waldir Leôncio Netto (CFP) responde:
A transição para um estilo de vida sustentado pela renda de investimentos e previdência é o sonho de muita gente, parabéns por chegar lá com boa estrutura financeira. Supondo que seu patrimônio se resuma às aplicações mencionadas. Assim, nota-se uma alta concentração em renda fixa e uma baixa diversificação de carteira. De fato, aposentadoria combina com investimentos mais conservadores, que priorizem a geração de caixa em vez do ganho de capital, mas se sua renda passiva for mais que suficiente para bancar o novo estilo de vida, pode ser interessante alocar um percentual de seu patrimônio na renda variável, principalmente considerando a crescente dificuldade em encontrar pechinchas no mercado imobiliário atual.
Investir em renda variável neste momento pode parecer contraintuitivo, mas acompanhe o raciocínio: segundo a mais recente tábua de mortalidade divulgada pelo IBGE, homens brasileiros de 70 anos têm uma expectativa de vida de mais 13,4 anos, ou seja, tendem a viver em média até os 83. Esse tempo costuma ser mais que suficiente para perceber a inerente tendência altista do mercado de ações. Mesmo passando por um momento de grande baixa, o Ibovespa fechou 2012 a 60.952 pontos, um ganho médio anual de quase 20% (ou 12%, descontada a inflação) em relação aos 11.602 pontos registrados há dez anos. Além disso, lembre-se que o foco do investidor em ações não deve ser no ganho de capital, mas no fluxo de caixa recebido na forma de dividendos, juros sobre o capital próprio e aluguel dos papéis. Estes tendem a ser um tanto mais previsíveis do que o preço das ações e podem representar uma frequente e diversificada fonte de recursos.
Com base não só em sua carteira atual, mas no seu perfil de risco e nos planos que tiver para o seu futuro e o de seus herdeiros, um planejador financeiro poderá lhe ajudar a identificar a distribuição ideal dos investimentos. Pergunte-lhe também sobre outras opções de investimento como os fundos imobiliários (FIIs) e os fundos de índices (ETFs) e de ações (FIAs), especialmente aqueles voltados a boas pagadoras de dividendos.
Mesmo quem atinge a independência financeira não está livre de emergências como um tratamento não coberto pelo plano de saúde ou um imóvel vazio por muito tempo. Portanto, mantenha uma reserva suficiente para cobrir alguns meses de despesas, de preferência em uma aplicação de alta liquidez separada dos investimentos que mantém para gerar renda.

Aproveite que está com a mão na massa e faça uma lista de tarefas pré-aposentadoria. Ela deve incluir atividades como verificar o benefício da previdência social, pesquisar planos de saúde e atualizar seu testamento. Reserve ainda um tempo para detalhar suas receitas e despesas nessa nova fase da vida, avaliando onde pretende morar, o quanto pretende trabalhar e como gastará seu tempo livre.