terça-feira, 13 de agosto de 2013

As contribuições do planejamento financeiro pessoal


Por: Antônio Dias

Assim como nas empresas, o planejamento financeiro pode desempenhar um papel de grande relevância na vida das pessoas, ajudando-as a obter, usar e controlar de maneira mais eficiente os recursos financeiros. A utilização de tal instrumento de administração financeira não se restringe apenas aos mais endinheirados, mas é igualmente importante para os indivíduos financeiramente menos abastados. Ajudar a gastar e a investir melhor o dinheiro ou a adequar o estilo de vida aos recursos disponíveis estariam, respectivamente, entre suas principais contribuições. Seu uso torna-se ainda mais necessário quando se leva em conta os níveis de endividamento e de inadimplência do brasileiro, bem como a complexidade e a incerteza do ambiente econômico contemporâneo.

As pessoas são frequentemente confrontadas a situações que requerem algum tipo de decisão financeira. Em geral, são decisões que envolvem investimentos, financiamentos, formação de poupança, planejamento de aposentadoria, contratação de seguros. Ou seja, onde investir o dinheiro, qual a melhor alternativa de financiamento para a aquisição de um bem ou serviço, quanto poupar para obter um certo montante num dado prazo são exemplos típicos de eventos financeiros que fazem parte da vida das pessoas. Isso mostra que é preciso estar suficientemente preparado para realizar as escolhas mais apropriadas do ponto de vista financeiro e da riqueza pessoal.

O planejamento financeiro é um instrumento capaz de orientar e de auxiliar as pessoas na importante tarefa de administrar suas finanças. Confira abaixo as suas principais contribuições.

1. Integrar as grandes questões financeiras: o planejamento financeiro oferece às pessoas a oportunidade de se debruçarem, de maneira organizada e sistematizada, sobre os principais temas que envolvem suas finanças, ou seja, gastos, impostos, fundo de reserva, investimentos, créditos, dívida, poupança, ativos, aposentadoria e patrimônio. As definições em cada uma dessas áreas são integradas ao planejamento financeiro anual do indivíduo ou da família e passam a orientar suas ações cotidianas. Agir conforme o plano estabelecido evita que as pessoas se afastem de seus objetivos e projetos, ao mesmo tempo em que lhes proporciona uma vida financeira mais saudável e próspera.

2. Ajuda a realizar planos: esta seria, talvez, a maior contribuição do planejamento financeiro. Seu processo leva as pessoas a identificar e a precisar seus desejos, objetivos e, também, a expressá-los em termos financeiros. Tal procedimento é fundamental para orientar as decisões e mobilizar os recursos necessários à realização dos planos, tendo em vista uma situação financeira inicial. As pessoas precisam de objetivos. O planejamento financeiro detalha as previsões financeiras e ajuda a definir estratégias para alcançá-los.

3. Permite obter maior controle sobre as finanças: a expressão final do planejamento financeiro é o fluxo de caixa, que inclui e apresenta as entradas (ou recebimentos), as saídas (ou pagamentos) de caixa ou dinheiro e a diferença entre ambas. Esta última pode gerar excedente (sobra de dinheiro), insuficiência (falta de dinheiro) ou saldo nulo (montantes iguais de entradas e saídas de caixa). Mais precisamente, o fluxo de caixa permite identificar as origens (fontes) e os destinos (aplicações) de todo o dinheiro movimentado por uma pessoa ou família em determinado período. Trata-se de um instrumento de vital importância para administrar, analisar e controlar mais eficientemente as finanças pessoais, bem como acompanhar o cumprimento de metas e objetivos. Estas ações fornecem ainda subsídios para uma eventual necessidade de revisar o planejamento financeiro.

4. Eleva a capacidade para enfrentar contingências: o detalhamento de suas previsões financeiras dota as pessoas de uma maior capacidade para enfrentar contingências. A análise do fluxo de caixa permite, por exemplo, que elas se antecipem a eventuais insuficiências de dinheiro e busquem alternativas para contorná-las, seja por meio da redução ou do adiamento de saídas de caixa, seja mediante o aumento ou a antecipação de entradas de dinheiro. Do mesmo modo, a previsão e a constituição de um fundo de reserva podem ajudar as pessoas a enfrentar as contingências sem maiores problemas financeiros. Enfim, o objetivo é assegurar a boa saúde financeira de indivíduos e famílias e incutir-lhes o hábito de gastar mais sabiamente e com visão de futuro.

5. Exerce um papel importante na acumulação de riqueza: o planejamento financeiro destina-se também a ajudar as pessoas a direcionar seus recursos para aplicações que aumentem sua riqueza. Esta corresponde ao conjunto de bens e direitos (ativos) que a pessoa possui. Geralmente são veículos, imóveis, obras de arte, joias, aplicações financeiras (poupança, ações, títulos de renda fixa), ou seja, ativos tangíveis e intangíveis. As eventuais dívidas ou obrigações exigíveis (passivos) devem ser subtraídas para calcular a riqueza líquida. Assim, aquele que pretender aumentar sua riqueza pode considerar o planejamento financeiro como um forte aliado. Afinal de contas, conhecer e avaliar as previsões de movimentação do dinheiro - suas origens e aplicações - permite direcioná-lo a itens mais produtivos.

Uma vida financeira saudável e próspera requer objetivos financeiros precisos e uma administração eficiente do dinheiro. O planejamento financeiro é um instrumento importante para toda pessoa que pretenda administrar inteligentemente suas finanças para conseguir realizar objetivos e projetos. Portanto, adote o planejamento financeiro em sua vida e tire vantagem de suas contribuições.
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Antonio Dias Pereira Filho é professor, pesquisador, escritor e palestrante em finanças e contabilidade. Autor de Structure du capital, dynamisme environnemental et performance: une articulation entre la finance et la stratégie. Paris: Les Éditions du Panthéon, 2012.


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